Medicina eletrônica: a medicina do futuro? - Mayana Zatz
Você colocará dados pessoais para um site P4 de medicina eletrônica de sua preferencia no computador. Se sentir algo anormal, descreverá os sintomas e, maravilha, sem sair de casa. Só isso já o aliviará do enorme stress de enfrentar o trânsito, identificar-se na entrada do prédio, esperar na sala de consultas, ouvir conversas deprimentes ou chatas e assim por diante. Com as suas informações, o site P4 poderá sugerir simplesmente que você precisa de umas férias ou conversar com um bom analista – e é claro, já indicará um link com inúmeras opções – ou listar uma série de exames e onde poderão ser realizados. No caso de imagens, o próprio computador terá dispositivos capazes de fotografá-lo internamente nos mínimos detalhes. Será a ressonância magnética do futuro. Com esses dados, o programa biomédico P4 do futuro poderá novamente concluir que não há nada de errado no seu corpo ou estabelecer um provável diagnóstico. Qual será o próximo passo?
A farmacogenômica
Se for constatada a necessidade de medicação, o próximo passo será – novamente a partir dos dados armazenados no site P4 – saber que droga deve ser tomada. É importante mencionar que seus dados pessoais devem incluir a análise do genoma, como discutido na coluna da semana passada. E então, baseando-se nos seus genes, o programa P4 avaliará qual é o remédio que você deve tomar e em que dose. É a farmacogenômica, a medicina personalizada e participativa.
A medicina preditiva
Com os preços do sequenciamento do genoma caindo vertiginosamente, logo qualquer um de nós poderá ter um perfil de todos os seus genes a um preço acessível. Hoje, nossa capacidade de previsão, isto é, qual é o risco real de virmos a desenvolver uma doença como Alzheimer, diabetes, hipertensão ou falência de algum órgão – entre outras – ainda é limitada. Mas quanto mais pessoas tiverem seus genomas sequenciados, maior será o nosso conhecimento e a precisão das estimativas. E com isso poderemos saber de antemão se temos um risco aumentado para doenças de início tardio e a opção ou não de tomarmos medidas preventivas. Novamente, é a medicina preditiva, preventiva e participativa.
Quando então a presença física do médico ou profissional será necessária?
Apesar do desenvolvimento da robótica , ainda não consigo imaginar como intervenções cirúrgicas poderão ser feitas em domicílio. Vamos precisar dos cirurgiões teleguiando os robôs. E os partos? Voltaremos ao passado, quando a maioria era feita em casa? E a psicanálise? Conversas pela internet poderão substituir a presença física?
O que você acha caro leitor?
Por Mayana Zatz
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